sexta-feira, 26 de abril de 2024

Todd Haynes - “Seguro” / “Safe”


Todd Haynes
“Seguro” / “Safe”
(EUA – 1995) – (119 min. / Cor)
Julianne Moore, Peter Friedman, Xander Berkeley, Susan Norman.

Todd Haynes deu nas vistas em 1991 no Festival de Sundance, com a sua primeira película intitulada “Poison” / “Veneno”, que nos oferecia três histórias: Hero, Horror e Homo, sendo esta última baseada numa novela de Jean Genet. Quando em 1995, o cineasta decidiu fazer a sua segunda longa-metragem, intitulada “Safe” / “Seguro”, iria mais uma vez surpreender o público, que ao ver o nome de Julianne Moore no elenco, aderiu de imediato ao filme, desconhecendo estar perante uma obra que interrogava a existência contemporânea.


“Seguro” / “Safe”, conta-nos a história de Carol White (Julianne Moore), que possui tudo para ser feliz: um marido carinhoso, uma bela casa, tipicamente californiana e sem problemas económicos. No entanto ela não se sente feliz e começa a temer pela sua vida desenvolvendo alergias ao meio-ambiente, não encontrando ninguém, explicação para o seu estado de apatia e medo de sair de casa, porque lá fora o mal a pode contaminar. Desenvolve então um problema de pele, ao mesmo tempo que as dores de cabeça a invadem de forma violenta, passando as noites a ver televisão, como se estivesse hipnotizada pelas imagens. Preocupado com o estado da esposa, o marido, decide interná-la numa dessas clínicas ”New Age”, (tão do agrado de alguns), onde os médicos fazem diagnósticos complexos e desenvolvem tratamentos incomuns para fazerem regressar o bem-estar aos seus pacientes. No entanto, apesar de todos os esforços dos terapeutas e do próprio marido, que ama profundamente a mulher, o seu estado de saúde agrava-se de dia para dia, chegando ela a temer o próprio ar que respira.


Todd Haynes em “Seguro” / “Safe”, apresenta-nos o seu diagnóstico sobre a vida contemporânea, numa alegoria ao vírus do século xx, conhecido como sida, ao mesmo tempo que nos alerta para as contradições existentes no tão propalado sonho do “american way of life”. A interpretação de Julianne Moore é soberba, conseguindo contagiar o espectador com os seus medos e receios, desses vírus que a atingem e que ninguém consegue identificar. Esta película acabou por nos revelar um autor, cujos filmes seguintes irão comprovar o seu enorme talento.

Rui Luís Lima

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