quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

John Ford - “Os Dominadores” / “She Wore a Yellow Ribbon”


John Ford
“Os Dominadores” / “She Wore a Yellow Ribbon”
(EUA – 1949) – (104 min./Cor)
John Wayne, Joanne Dru, John Agar, Ben Johnson, Harry Carey Jr., Victor Mclaglen.


A obra cinematográfica de John Ford pode ser revista através de ciclos temáticos e um desses ciclos é, precisamente, o famoso ciclo da Cavalaria, constituído pelos filmes “Forte Apache”, “Rio Grande” e “Os Dominadores” / “She Wore a Yellow Ribbon”, o meu favorito desta trilogia, que nos relata os últimos dias de um Capitão de Cavalaria (John Wayne) e a sua vida no Forte que terá que deixar, embora os índios continuem a fazer os seus estragos, talvez menores que os que a jovem Olivia (Joanne Dru), presente no Forte, faz no coração de dois dos seus oficiais (Tenente Cohill e Tenente Pennell), que aspiram a conquistar os “favores” daquela que usa a célebre fita amarela da Cavalaria a prender o seu cabelo, mas também nunca nos poderemos esquecer do famoso Sargento Quincannon (Victor McLaglen).


A acção da película situa-se após a célebre batalha de Little Big Horn, onde o controverso General Custer perdeu a vida, acompanhado pelos seus homens do 7º Cavalaria, revelando-se este “She Whore a Yellow Ribbon” / “Os Dominadores” uma das mais belas películas realizadas por esse bom gigante do cinema chamado John Ford, que um dia se referiu nestes termos sobre a sua paixão pelo western:


“Sou de origem irlandesa, mas de cultura “western”. Interesso-me pelo folclore do Oeste, porque me interessa mostrar o real, num quase documentário. Eu próprio já fui “cow-boy”. Gosto do ar livre, dos grandes espaços. O sexo, a obscenidade, os degenerados são coisas que não me interessam.” Percebemos assim as razões que levaram Ford a fazer de Monument Valley o principal cenário dos seus “westerns”, incluindo este fabuloso “She Wore a Yellow Ribbon”!

Rui Luís Lima

H. C. Potter - “O Lar dos Meus Sonhos” / “Mr. Blandings Builds His Dream House”


H. C. Potter
“O Lar dos Meus Sonhos” / “Mr. Blandings Builds His Dream House”
(EUA – 1948) – (94 min – P/B)
Cary Grant, Myrna Loy, Melvin Douglas.

Foram inúmeras as comédias em que Cary Grant participou, deixando sempre o seu génio de actor bem patenteado e este “Lar dos Meus Sonhos” / “Mr. Blandings Builds His Dream”, que no caso concreto é a casa dos seus sonhos ou da sua querida esposa, ambos nada talhados para dirigirem a construção de uma casa no campo, transformam este filme dirigido por H. C. Potter numa delirante comédia.


Na época da sua feitura o argumento deste filme passava na rádio como folhetim, sendo a então esposa de Cary Grant a interpretar a personagem de Mrs. Blandings.

Rui Luís Lima

Os 50 Melhores Filmes de Sempre da História do Cinema!

"Vertigo - A Mulher Que Viveu Duas Vezes"

Os 50 Melhores Filmes de Sempre da História do Cinema!

A revista de cinema britânica “Sight & Sound”, iniciou em 1962 uma lista elaborada por pessoas ligadas à Sétima Arte, das mais diversas proveniências, em que se estabelecia o Top dos mais importantes filmes da História do Cinema. Esta lista, que se tornou famosa devido aos nomes que votavam e que é revista de dez em dez anos através de nova votação, manteve desde sempre no primeiro lugar essa obra incontornável intitulada “Citizen Kane” / “O Mundo a Seus Pés” da responsabilidade desse génio do Cinema chamado Orson Welles.

"O Mundo a Seus Pés"

Mas na última lista elaborada pela revista “Sight & Sound” (2012) dos filmes mais importantes da História do Cinema, que contou com a participação de 846 individualidades ligadas ao Cinema, nas quais se contam Críticos, Programadores, Académicos e Distribuidores, a película que recolheu mais votos foi “Vertigo” / “A Mulher Que Viveu Duas Vezes”, do Mestre Alfred Hitchcock, surgindo “Citizen Kane” como a segunda película mais votada pelos participantes.

"Viagem a Tóquio"

Como sempre sucede nestas listas em que a Sétima Arte está envolvida, as interpretações são sempre as mais diversas, mas será sempre bem curioso o leitor fazer um exercício bem simples e comparar esta classificação, com as que "navegam" pela net e depois tirar as suas conclusões. Se já viu todas (ou quase todas) as películas referidas na mais famosa de todas as listas do mundo do cinema, pode afirmar que é uma pessoa profundamente feliz!

"A Regra do Jogo"

Se não for caso disso, recomendamos que descubra estes magníficos filmes, sejam eles mudos ou sonoros, a cores ou a preto e branco, longas-metragens ou curtas-metragens (o caso do genial filme de Chris Marker), porque a magia do cinema passa por todos eles!

Rui Luís Lima

"Aurora"

Os 50 Melhores Filmes de Sempre da História do Cinema!

1 – ”Vertigo” / “A Mulher Que Viveu Duas Vezes” - (1958) - Alfred Hitchcock – 191 votos

2 – “Citizen Kane” / “O Mundo a Seus Pés” – (1941) - Orson Welles – 157 votos

3 – “Tokyo Monogatari” / “Viagem a Tóquio” – (1953) - Yasujiro Ozu – 107 votos

4 – “La Règle du Jeu” / “A Regra do Jogo” – (1939) - Jean Renoir – 100 votos

5 - “Sunrise” / “Aurora” – (1927) - F. W. Murnau – 93 votos

6 – “2001: A Space Odyssey” / “2001 – Odisseia no Espaço” (1968) - Stanley Kubrick – 90 votos

7 – “The Searchers” / “A Desaparecida” – (1956) - John Ford – 78 votos

8 – “Chelovek s Kino-apparatom” / “O Homem da Câmara de Filmar” – (1929) - Dziga Vertov – 68 votos

9 - “La Passion de Jeanne D’Arc” / “A Paixão de Joana D' Arc” – (1927) - Carl Dreyer – 65 votos

10 – “8 ½” / “Fellini 8 ½” – (1963) - Federico Fellini – 64 votos

"2001 - Odisseia no Espaço"

11 – “Bronenosets Potemkin” / “O Couraçado Potemkine” – (1925) - Sergei Eisenstein – 63 votos

12 – “L’Atalante” / “O Atalante” – (1934) - Jean Vigo – 58 votos

13 – “À Bout de Souffle” / “O Acossado” – (1960) - Jean-Luc Godard – 57 votos

14 – "Apocalypse Now” / “Apocalipse Now” – (1979) - Francis Ford Coppola – 53 votos

15 – “Banshun” / “Primavera Tardia” – (1949) - Yasujiro Ozu – 50 votos

16 – “Au Hasard Balthazar” / “Peregrinação Exemplar” – (1966) - Robert Bresson – 49 votos

17 – “Shichinin no Samurai” / “Os Sete Samurais” – (1954) – Akira Kurosawa – 48 votos

17 – “Persona” / “A Máscara” – (1966) - Ingmar Bergman – 48 votos

19 – “Zerkalo” / “O Espelho” – (1974) - Andrei Tarvosky – 47 votos

20 – “Singing in the Rain” / “Serenata à Chuva” – (1951) - Stanley Donen / Gene Kelly – 46 votos

"A Desaparecida"

21 – “L’Avventura” / “A Aventura” – (1960) - Michelangelo Antonioni – 43 votos

21 – “La Mépris” / “O Desprezo” - (1963) - Jean-Luc Godard – 43 votos

21 – “The Godfather” / “O Padrinho” – (1972) - Francis Ford Coppola – 43 votos

24 – “Ordet” / “A Palavra” – (1955) - Carl Dreyer – 42 votos

24 – “In the Mood for Love” / “Disponível Para Amar” – (2000) - Wong Kar-Wai – 42 votos

26 – “Rashomon” / “As Portas do Inferno” – (1950) - Akira Kurosawa – 41 votos

26 – “Andrey Rublyov” / “Andrei Rublev” – (1966) - Andrei Tarkovsky -41 votos

28 – “Mulholland Dr.” / “Mulholland Drive” – (2001) – David Lynch – 40 votos

29 – “Stalker” / “Stalker” – (1979) - Andrei Tarkovsky – 39 votos

29 – “Shoah” / “Shoah” – (1985) - Claude Lanzmann – 39 votos

"O Homem da Câmara de Filmar"

31 – “The Godfather – Part II” / “O Padrinho – Parte II” – (1974) - Francis Ford Coppola – 38 votos

31 – “Taxi Driver” / “Taxi Driver” – (1974) - Martin Scorsese – 38 votos

33 – “Ladri di Biciclete” / “Ladrões de Bicicletas” – (1948) - Vittorio De Sica – 37 votos

34 – “The General” / “Pamplinas Maquinista” – (1926) - Buster Keaton – 35 votos

35 – “Metropolis” / “Metropolis” – (1927) - Fritz Lang – 34 votos

35 – “Psycho” / “Psico” – (1960) - Alfred Hitchcock – 34 votos

35 – “Jeanne Dielman, 23 quai du Commerce, 1080 Bruxelles” – (1975) - Chantal Akerman – 34 votos

35 – “Sátántangó” / “Sátántangó” – (1994) - Bela Tarr – 34 votos

39 – “Les Quatre Cent Coups” / “Os Quatrocentos Golpes” – (1959) - François Truffaut – 33 votos

"A Paixão de Joana D'Arc"

40 – “La Dolce Vita” / “A Doce Vida” – (1960) - Federico Fellini – 33 votos

41 – Viaggio in Italia” / “Viagem em Itália” – (1954) - Roberto Rossellini – 32 votos

42 – “Pather Panchali” / “O Lamento da Vereda” – (1955) - Satyajit Ray – 31 votos

42 – “Some Like It Hot” / “Quanto Mais Quente Melhor” – (1959) - Billy Wilder – 31 votos

42 – “Gertrud” / “Gertrude” – (1964) - Carl Dreyer – 31 votos

42 – Pierrot Le Fou” / “Pedro o Louco” – (1965) - Jean-Luc Godatd – 31 votos

42 – “Play Time” / “Play Time – Vida Moderna” – (1967) - Jacques Tati – 31 votos

42 – “Nema-ye Nazdik” / “Close-Up” – (1990) - Abbas Kiarostami – 31 votos

“Fellini 8 ½”

48 – “La Battaglia di Algeri” / “A Batalha de Argel” – (1966) - Gillo Pontecorvo – 30 votos

48 – “Histoire(s) du Cinéma” / “Histórias do Cinema” – (1998) - Jean-Luc Godard – 30 votos

50 – “City Lights” / “Luzes da Cidade” – (1931) - Charles Chaplin – 29 votos

50 – “Ugetsu Monogatari” / “Contos da Lua Vaga” – (1953) - Kenji Mizoguchi – 29 votos

50 – “La Jetée” – (1962) - Chris Marker – 29 votos

William A. Wellman - “A Cortina de Ferro” / “The Iron Curtain”


William A. Wellman
“A Cortina de Ferro” / “The Iron Curtain”
(EUA – 1948) – (87 min. – P/B)
Dana Andrews, Gene Tierney, June Havoc.

Em plena Guerra Fria. William A. Wellman assina um interessante filme que nos conta a história de Igor Gouzenko, funcionário da Embaixada Soviética no Canadá que decidiu desertar e denunciar a rede de espionagem que tinha sido montada pelos Serviços Secretos do seu país, no intuito de terem acesso ao fabrico da bomba atómica.

Rui Luís Lima

Bernard Vorhaus - "The Amazing Mr. X"


Bernard Vorhaus
"The Amazing Mr. X"
(EUA - 1948) - (78 min.-P/B)
Turhan Bey, Lynn Bari, Cathy O'Donnell

Bernarh Vorhaus assina um filme fabuloso e intrigante onde os ângulos da câmara e a fotografia se revelam um actor importante nesta película que nos desvenda os mistérios desses seres que tem o poder de comunicar com o além. Recorde-se que Bernard Vorhaus é o realizador interpretado por Robert De Niro no filme "Na Lista Negra" / "Guilyt by Suspicion", dirigido por Irwin Winkler.

Rui Luís Lima

William A. Wellman - “A Cidade Abandonada” / “Yellow Sky”


William A. Wellman
“A Cidade Abandonada” / “Yellow Sky”
(EUA – 1948) – (98 min. – P/B)
Gregory Peck, Anne Baxter, Richard Widmark.

Foram poucas as vezes que encontramos Gregory Peck em “westerns”, mas sempre que o descobrimos, o filme fica-nos na memória, sendo precisamente isso mesmo que se passa com este belo “Yellow Sky” / “A Cidade Abandonada”, em que ele lidera um grupo de assaltantes de bancos, por vezes bem difícil de “gerir”, especialmente quando têm um deserto pela frente, terminando por chegar a uma velha cidade mineira, quase abandonada, habitada por um velho e a sua bela neta, Mike ou será que preferem Constance?


Estamos perante um belo “western de William Wellman, como eu o conheci em criança, depois passou a possuir o “A” de Augustus!

Rui Luís Lima

Ray Enright - “Terras Sombrias” / “Coroner Creek”


Ray Enright
“Terras Sombrias” / “Coroner Creek”
(EUA – 1948) – (90 min./Cor)
Randolph Scott, Marguerite Chapman, George Macready.

Quando Randolph Scott chegou ao cinema, estava-se precisamente nessa época charneira da transição da Arte do Mudo para a descoberta do Sonoro, que irá mudar para sempre o panorama das estrelas de Hollywood, os “talkies” iriam “matar” muitas estrelas, como nos contou a dupla constituída por Stanley Donen/Gene Kelly, no famoso “Serenata à Chuva” / “Singing in the Rain”.


E assim, desde “Women Men Marry” de Charles Hutchinson (1931) até “Os Pistoleiros da Noite” / “Ride the High Country” de Sam Peckinpah , o actor Randolph Scott irá eleger o “western” como o seu território de eleição ao longo de uma centena de películas, muitas delas da famosa série-B, mas que respiram cinema por todos os fotogramas, apesar do baixo custo das suas produções e este “Terras Sombrias” / “Coroner Creek”, realizado por Ray Enright é a “prova provada” disso mesmo.


Na mitologia do “western” no cinema, Randolph Scott é um nome incontornável, tal como o são John Wayne e Roy Rogers!

Rui Luís Lima

Charles Vidor - "Amores de Carmen" / "The Loves of Carmen"


Charles Vidor
"Amores de Carmen" / "The Loves of Carmen"
(EUA - 1948) - (99 min./Cor)
Glenn Ford, Rita Hayworth, Ron Randell.

John Ford - “Os 3 Padrinhos” / “3 Godfathers”


John Ford
“Os 3 Padrinhos” / “3 Godfathers”
(EUA – 1948) – (106 min./Cor)
John Wayne, Pedro Armendariz, Harry Carey Jr., Ward Bond.

Poucos sabem que este delicioso “western” de John Ford, com John Wayne a agir como fora-da-lei, no início do filme, pois ele e os seus dois amigos vão assaltar um banco, é um “remake” do filme “Three Godfathers” realizado por Richard Boleslawski, em 1938.


Porém será o filme dirigido por John Ford com três foragidos perdidos no deserto a cuidarem de um bebé até ao limite das suas forças.

Um Ford genial!

Rui Luís Lima

Michael Powell / Emeric Pressburger - "Os Sapatos Vermelhos" / "The Red Shoes"


Michael Powell & Emeric Pressburger
"Os Sapatos Vermelhos" / "The Red Shoes"
(Grã-Bretanha - 1948) - (135 min./Cor)
Anton Walbrook, Moira Shearer, Marius Goring.

Antonio Banderas - (1960)


Antonio Banderas
Aniversário: 10 de Agosto
Fotograma: "Philadelphia" de Jonathan Demme
Filme de Estreia: "Pestãnas Postizas" de Enrique Belloch
Filme Favorito: "Dose Dupla" / "Too Much" de Fernando Trueba
Nomeado para um Oscar: "Dor e Glória" / "Dolor Y Gloria" de Pedro Almodóvar

Alfred Hitchcock - “A Corda” / “The Rope”


Alfred Hitchcock
“A Corda” / “The Rope”
(EUA – 1948) – (80 min./Cor)
James Stewart, John Dall, Farley Granger.

“The Rope” não é só um genial exercício cinematográfico por parte de Alfred Hitchcock, que realiza um filme num só plano, embora use esse truque de fixar as costas de um personagem para mudar de bobine na câmara e prosseguir depois com a filmagem.


“A Corda” possui um argumento poderoso, que bem merece toda a sua atenção, por isso mesmo, observe primeiro os movimentos de câmara do Mestre do Suspense e depois, num segundo visionamento, esteja atento às palavras proferidas pelos protagonistas e descubra a ideologia que navega subterraneamente por ali.

Rui Luís Lima

John Huston - “O Tesouro da Sierra Madre” / “The Tresure of the Sierra Madre”


John Huston
“O Tesouro da Sierra Madre” / “The Tresure of the Sierra Madre”
(EUA – 1948) – (126 min. – P/B)
Humphrey Bogart, Waalter Huston, Tim Holt.

Ao levar ao grande écran o famoso romance de B. Traven, o cineasta John Huston, irá realizar um filme memorável, não resistindo a surgir também ele como actor no início da película, onde nos irá mostrar como a ambição e a cobiça do ouro termina por conduzir à tragédia, três homens que um dia transformaram em realidade os seus sonhos.


John Huston irá conquistar com “O Tesouro da Sierra Madre”, dois Oscars: Melhor Realizador e Melhor Argumento, já o seu pai Walter Huston, receberá o Oscar para o Melhor Actor Secundário.

Rui Luís Lima

TV Séries - "Rosemary & Thyme"


TV Séries
"Rosemary & Thyme"
Temporadas: 1, 2, 3.
Anos: 2003 - 2006
Felicity Kendal, Pam Ferris.
Criador: Clive Exton

Clive Exton, o responsável pela criação desta série, não é mais do que o argumentista da série Poirot (1989 - 1993), cujo contributo elevou a um ponto mais alto as aventuras do famoso detective belga criado por Agatha Christie. Recorde-se que nos inúmeros contos que vimos adaptados ao écran no original as personagens do capitão Hastings e da secretária Miss Lemon não figuram no original de Agatha Christie.


Já "Rosemary & Thyme" é de uma perfeição acima de qualquer suspeita, ao acompanharmos as aventuras de uma ex-policia chamada Laura Thyme (Pam Ferris), que um dia viu o marido a deixá-la por uma mulher muito mais jovem, enquanto a sua futura parceira de negócio paisagístico, Rosemary Boxer (Felicity Kendal), perde o emprego que tem na universidade e de um dia para o outro vê-se desempregada. Do encontro deste duo nasce o negócio de recuperar jardins, mas infelizmente durante o seu trabalho, sempre tão delicado e precioso, irão deparar-se com pequenos crimes, que irão alterar os seus tranquilos dias de trabalho.


Aproveito para recordar que a actriz Felicity Kendal, na sua juventude, pertenceu a um grupo de teatro itinerante que na célebre Jóia da Coroa ou seja a Índia, representava Shakespeare, tendo até o cineasta James Ivory realizado a maravilhosa película "Shakespeare - Wallah", no distante ano de 1965. "inspirando-se" na história dessa companhia teatral, sendo Felicity Kendal uma das protagonistas do filme, que navega na net.

Quando a série "Rosemary & Thyme" foi cancelada pela ITV estava prevista a rodagem de dois episódios em Portugal.

Rui Luís Lima

Robert B. Sinclair - “Escândalo na Primeira Página” / “That Wonderful Urge”


Robert B. Sinclair
“Escândalo na Primeira Página” / “That Wonderful Urge”
(EUA – 1948) – (82 min. – P/B)
Tyrone Power, Gene Tierney, Reginald Gardiner.

Tyrone Power infelizmente deixou-nos muito cedo, com apenas 44 anos de idade, mas a sua versatilidade para compor personagens, desde o drama até à comédia, é inesquecível e este "Escândalo na Primeira Página" / "That Wonderful Urge", com a bela Gene Tirney é profundamente delirante, porque como pode um homem provar que não está casado, quando ela afirma que estão casados (e ele até o tinha confirmado), após lhe estender uma bela armadilha!?


Estamos perante uma irresistível película de Robert B. Sinclair, que após a realização deste filme irá trocar o cinema pela televisão, mas regressando ao filme convém desde já referir que ele possui uma actualidade enorme pois aborda esse jornalismo que se pratica nos dias de hoje, que vive dos escândalos, das celebridades e das denominadas "Fake News", porque convém referir que Thomas Tyler Tyrone Power) é jornalista e a bela e rica Sara Farley (Gene Tierney) é a vítima dos seus artigos.


E a vingança serve-se fria, mas o amor por vezes é tão escaldante!

Rui Luís Lima

Joseph Kane - "The Plunderers"


Joseph Kane
"The Plunderers"
(EUA - 1948) - (87 min./Cor)
Rod Cameron, Ilona Massey, Lorna Gray, Forrest Tucker.

Jules Dassin - “Nos Bastidores de Nova Iorque” / “The Naked City”


Jules Dassin
“Nos Bastidores de Nova Iorque” / “The Naked City”
(EUA – 1948) – (96 min. – P/B)
Barry Fitzgerald, Howard Duff, Dorothy Hart.

“The Naked City” é uma obra-prima do denominado “film noir”, pela forma como o seu argumento foi construído, com um narrador bem presente (a voz é do próprio produtor) e uma realização que nos convida a mergulhar em simultâneo em dois géneros cinematográficos: o documentarismo e a ficção, de forma genial.


Este filme dirigido por Jules Dassin foi todo realizado fora dos Estúdios, nas próprias ruas de Nova Iorque e quando a acção passa para o interior das casas são utilizados locais de “carne e osso” ou seja tudo é real, nada é construído e isso mesmo fica bem patente pelos diversos planos que são usados, demonstrando a genialidade do cineasta e o valor artístico incontornável deste filme da Sétima Arte!

Rui Luís Lima

Preston Sturges - "Odeio-te Meu Amor" / "Unfaithfully Yours"


Preston Sturges
"Odeio-te Meu Amor" / "Unfaithfully Yours"
(EUA - 1948) - (105 min. - P/B)
Rex Harrison, Linda Darnell, Rudy Vallee, Kurt Krueger.

Howard Hawks - "O Professor de Música" / "A Song Is Born"


Howard Hawks
"O Professor de Música" / "A Song Is Born"
(EUA - 1948) - (113 min./Cor)
Danny Kaye, Virginia Mayo, Benny Goodman, Louis Armstong.

Uma divertida comédia com uma sensual Virginia Mayo e grandes nomes do jazz a "fazerem uma perninha musical", num Howard Hawks "vintage"!

Rui Luís Lima

Raoul Walsh - “Rio da Prata” / “Silver River”


Raoul Walsh
“Rio da Prata” / “Silver River”
(EUA – 1948) – (110 min. – P/B)
Errol Flynn, Ann Sheridan, Thomas Mitchell

Em 1948, o cineasta Raoul Walsh realiza este “western” intitulado “Silver River” e, de forma visionária, conta-nos como irá funcionar o capitalismo no século XXI!


Trata-se de um “western” com Errol Flynn, numa interpretação complexa e bastante credível, tal como a de Thomas Mitchell, esse candidato a Senador, que irá pagar com a vida a sua forma de estar na política. “


Silver River”, de Raoul Walsh, bem merece ser revisto e sair do esquecimento!

Rui Luís Lima

Billy Wilder - “A Sua Melhor Missão” / “A Foreign Affair”


Billy Wilder
“A Sua Melhor Missão” / “A Foreign Affair”
(EUA – 1948) – (116 min. – P/B)
Jean Arthur, Marlene Dietrich, John Lund.

O sétimo filme da filmografia de Billy Wilder, como realizador, conduziu-o de volta a uma cidade que ele outrora conhecera bem e da qual nos dera uma bela visão ao escrever esse filme incontornável do cinema alemão intitulado “Menschen am Sonntag”, do qual foi o argumentista. Desta feita, a Berlin que ele nos dá a ver, ainda se encontra em ruínas e ocupada pelas forças aliadas e assim iremos seguir os passos de um grupo de membros do Congresso Norte-Americano de visita às tropas, para verificar como caminha a moral entre os militares e a população.


Neste grupo de políticos fiéis ao programa que lhe foi destinado encontra-se uma congressista do Iowa, que pretende ser “mais papista do que o Papa” e assim iremos acompanhar os passos da austera Phoebe Frost (Jean Arthur), que irá descobrir que as aparências iludem, percebendo rapidamente como era bem alegre o convívio entre as forças ocupantes e a população feminina.


Tal como sucedia em “Quanto Mais Quente Melhor” / “Some Like It Hot”, em que no início do filme o espectador desprevenido pensa que está a ver um “film noir”, para rapidamente perceber que “caiu” no interior da comédia ou seja Billy Wilder troca as voltas ao espectador com a sua célebre mordacidade, já em “A Foreign Affair” / “A Sua Melhor Missão”, ao conhecermos a personagem interpretada por Marlene Dietrich, a cantora de cabaret Erika, que sobrevive numa casa destruída, amando um capitão para simplesmente continuar a respirar, leva-nos a perceber que estamos perante uma tragédia ou melodrama e por muito que Jean Arthur na sua composição tente apagar a luz que ilumina Marlene, nunca o consegue, porque é precisamente a Erika de Marlene Dietrich que nos fica na memória para sempre, neste fabuloso filme de Billy Wilder.


Um dos momentos mais intensos deste filme é precisamente o encontro/duelo entre estas duas mulheres, que lutam pela posse do mesmo homem, embora essa luta tenha também, no seu interior, outras razões que irão levar a que o Capitão Pringle (John Lund) termine por mudar de campo, manipulado pelo seu superior hierárquico e termine por fazer pender os pratos da balança da (in)justiça (leia como desejar) para o lado das forças ocupantes.


“A Sua Melhor Missão” / “A Foreign Affair” é a “prova provada” da genialidade do Mestre Billy Wilder, mas se alguns ainda poderiam ter dúvidas, o cineasta trataria de as apagar com “Sunset Boulevard”!

Rui Luís Lima