quarta-feira, 24 de abril de 2024

Steven Spielberg - “A Lista de Schindler” / “Schindler’s List”


Steven Spielberg
“A Lista de Schindler” / “Schindler’s List”
(EUA - 1993) - (195 min - P/B - Cor)
Liam Neeson, Ben Kingsley, Ralph Fiennes, Caroline Goodall.

No ano de 1993, Steven Spielberg deixou de ser o vendedor de sonhos e transformou-se no mais aplaudido e reconhecido cineasta, oferecendo ao universo cinematográfico “A Lista de Schindler” / ”Schindler’s List”, para o mundo não deixar morrer na sua memória o Holocausto.


Quando Thomas Keneally escreveu “Schindler’s List”, nunca pensou que seria Steven Spielberg o cineasta que iria colocar em marcha a máquina cinematográfica norte-americana criando uma das mais poderosas memórias do Holocausto. E convém não esquecer que “Cinzas e Nevoeiro” de Alain Resnais é outro inesquecível documento da memória desse período tenebroso da História do século XX, assim como “Shoah” de Claude Lanzmann, um documentário de nove horas e meia construído sem nenhuma imagem de arquivo, mas filmando a existência dos seus intervenientes, vítimas e carrascos, de uma forma contundente, impedindo o esquecimento e a indiferença que certas camadas pretendem cultivar nos tempos mais recentes. Curiosamente, ainda se encontram por divulgar as imagens captadas pelos aliados dos campos de concentração nazis e que durante algum tempo foram trabalhadas para futura montagem e exibição pública, sendo um dos intervenientes nesse processo Alfred Hitchcock, talvez um dia a sua divulgação seja possível. Mas regressemos a Schindler e à sua lista ou seja Steven Spielberg.


Quando “A Lista de Schindler” chegou aos cinemas e ao grande público, num preto e branco tão real e com interpretações tão convincentes, fomos obrigados a esquecer a ficção e descobrimos a triste e cruel realidade de um dos períodos mais negros da História da Humanidade. Não era só a realização de Steven Spielberg que nos invadia o nosso território cinematográfico mas também a poderosa fotografia do polaco Janusz Kaminski, de um forte realismo, como se fosse alguma vez possível descobrir a imagem mais que perfeita, transformadora da ficção em realidade, no entanto tal aconteceu também devido às interpretações, mas acima de tudo ao testemunho dos sobreviventes, mais tarde apresentado de outro ponto de vista por Steven Spielberg no documentário “The Unfinished Journey”.


“A Lista de Schindler” conta-nos a história de Oskar Schindler, o “bom” nazi, que no seguimento da aliança da grande Indústria Alemã com o poder nazi, uma aliança privilegiada desde sempre por Hitler, que era um fervoroso adepto da denominada guerra convencional, decide utilizar a mão-de-obra judia na sua fábrica, mas ao descobrir o destino dos que não contratava ou seja a morte em Auschwitz, decide contratar o maior número possível de pessoas para a sua fábrica, alterando desta forma o destino certo de 1100 judeus.


Perante uma obra cinematográfica desta envergadura, não se encontrou uma única voz discordante e foi com naturalidade que a Academia de Hollywood atribuiu os Oscars a Steven Spielberg. Sete Oscars, incluindo melhor filme e melhor realizador. Nas interpretações, infelizmente, tanto Liam Neeson (Schindler) como Ralph Fiennes foram esquecidos.


Como o cinema também é feito de histórias de amor no écran e fora dele, contemos aqui uma história de amor passada fora do écran e nascida precisamente com a feitura de “A Lista de Schindler", o director de fotografia polaco Janusz Kaminski, que também foi galardoado com o Óscar e que se iria tornar no responsável pela fotografia nos futuros filmes de Steven Spielberg, confessou-lhe durante as filmagens que gostaria imenso de conhecer a actriz Holly Hunter, protagonista de “Always” / “Sempre”, realizado por Steven Spielberg e o cineasta proporcionou esse encontro ao homem que tão bem tinha trabalhado com ele. O encontro não passou despercebido a Cupido que mais uma vez usou a sua seta e transformou o sonho em realidade, mas por vezes o sonho e a realidade ao chegarem à encruzilhada da vida, decidem seguir por caminhos diferentes, e assim a sete de Cupido perdeu a sua validade, para este par, no entanto sonhar é preciso, para fazer do sonho o sentido da vida.

Rui Luís Lima

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