quarta-feira, 24 de abril de 2024

Harold Ramis - "O Feitiço do Tempo" / "Groundhog Day"


Harold Ramis
"O Feitiço do Tempo" / "Groundhog Day"
(EUA – 1993) – (101 min. - Cor)
Bill Murray, Andie MacDowell, Chris Elliott, Stephen Tobolowsky.

O conhecido comediante Harold Ramis, nascido em Chicago em 1944, desde muito cedo sentiu o apelo da comédia e, com John Belushi e Bill Murray, formou um trio inesquecível, que preencheu de forma bem divertida os serões televisivos da TV americana, seguindo-se de forma natural a sua passagem ao cinema, primeiro como actor e argumentista, lembram-se dele em “Os Caça-Fantasmas” / “Ghostbusters”, nesse longínquo ano de 1984?


Mais tarde passou para o outro lado da câmara, assumindo as funções de realizador, ao mesmo tempo que escrevia os seus próprios argumentos, demonstrando ser possuidor de um humor bem corrosivo.
“O Feitiço do Tempo” / “Groundhog Day” é a quarta película que dirigiu e como não podia deixar de ser convidou o seu amigo Bill Murray para protagonista.


Phil Connors (Bill Murray) é o meteorologista de uma estação de televisão, que um dia é destacado para cobrir o famoso “Dia da Marmota”, na pequena cidade da Punxsutawney, situada nessa América profunda, hoje em dia tão falada nos media, e durante o qual há uma festa, em que uma marmota sai da toca e consoante veja a sua sombra ou não, prevê se a Primavera chegou ou se o Inverno irá durar mais umas semanas.


Durante a viagem com a respectiva equipa de televisão, composta pela produtora Rita (Andie MacDowell) e o cameraman Larry (Chris Elliott), Phil Connors (Bill Murray) não esconde o seu mau humor, só desejando que o dia termine rapidamente, para poder regressar a casa e esquecer aquela maldita reportagem. Mas quando acorda no dia seguinte vai descobrir, para mal dos seus pecados, que se encontra no mesmo dia e que terá de fazer mais uma vez a reportagem.


Inicialmente Phil pensa que se encontra a sonhar, mas por fim percebe que a sua vida se tornou num verdadeiro pesadelo, porque todos os dias ao acordar ao som do rádio que transmite a canção “I’ve Got You Babe” da Cher encontra-se no inevitável dia da Marmota. Todos os dias se cruza com um antigo colega de escola, o irritante Ned (Stephen Tobolowsky), que lhe tenta vender um seguro, mas ao ver-se livre dele, Phil Connors acaba sempre por mergulhar o seu pé numa poça de água gelada, para seu grande desconforto. Os dias vão-se repetindo e ele até pensa em suicidar-se, mas depois ao perceber que conhece as situações com que se irá deparar, decide alterar o seu comportamento, nascendo assim situações verdadeiramente hilariantes.


Harold Ramis consegue trabalhar com saber a repetição dos dias de Phil Connors, sem cansar o espectador, mas sim criando uma expectativa sobre o que irá mudar na atitude do protagonista, por outro lado, Bill Murray oferece-nos uma personagem tão antipática, que à medida que acompanhamos as suas desgraças, terminamos por simpatizar com ele, desejando que ele saia do verdadeiro labirinto em que se encontra metido, esse feitiço do tempo que só o irá deixar sair quando ele decide ver o mundo e as pessoas que o rodeiam de uma forma bem diferente do que lhe é habitual e que marcam negativamente o seu relacionamento com os outros seres humanos que o rodeiam no seu quotidiano.


Numa época em que os “remakes” são demonstrativos dessa enorme falta de ideias que atingiu a maioria dos argumentistas de Hollywood, ao mesmo tempo que a comédia vive tempos bem difíceis e onde as ideias são cada vez mais escassas, é extremamente saboroso rever esta comédia delirante assinada por Harold Ramis e com uma interpretação inesquecível de Bill Murray.

Rui Luís Lima

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