domingo, 5 de maio de 2024

Ridley Scott - “Gladiador” / “Gladiator”


Ridley Scott
“Gladiador” / “Gladiator”
(Grã-Bretanha/EUA – 2000) – (155 min. / Cor)
Russell Crowe, Joaquin Phoenix, Connie Nielsen, Oliver Reed, Richard Harris.

Quando surgiu no écran “Gladiador” / “Gladiator”, foram muitos os que se recordaram de “Spartacus”, realizado pelo cineasta Stanley Kubrick, após o célebre Anthony Mann ter sido despedido pelo produtor Kirk Douglas, que o tinha convidado para a realização, devido ao seu espantoso trabalho nesse outro épico do género intitulado “A Queda do Império Romano” / “The Fall of The Roman Empire”, uma obra espectacular, mas que se encontra hoje um pouco esquecida, infelizmente. Como todos sabemos Kubrick levou a bom porto “Spartacus”, tornando-se um dos filmes de eleição desse género.


Ridley Scott, ao partir para esta aventura numa época em que nada o fazia prever, terminou por ver coroado de êxito os seus esforços de oferecer a sua visão da Roma Antiga, utilizando com saber a tecnologia ao serviço da Sétima Arte, o que lhe proporcionou recriar uma Roma e uma época de forma perfeita, ao mesmo tempo que o número de figurantes ficava bem distante dos utilizados em filmes como “Cleóptera” de Joseph Mankiewicz.


Logo a abrir a película iremos entrar no coração de uma espantosa batalha entre as tropas romanas do Imperador César Marcus Augustus (Richard Harris) e os chamados Bárbaros, assim denominados porque não faziam parte de Roma, essa potência militar que estendia o seu Império pelo mundo fora.


Liderados pelo destemido General Maximus (Russell Crowe), as tropas romanas derrotam os seus oponentes, mas a intriga e a inveja pelo seu sucesso e influência junto do Imperador espreitam a oportunidade de o aniquilar. E será isso mesmo que Commodus (Joaquin Phoenix), filho do Imperador, fará após a morte do pai, perseguindo o célebre General devido à sua influência junto das topas, chegando a mandar matar a família de Maximus quando este se encontra às portas da capital do Império.


O calvário que irá perseguir o célebre General, conduzirá o nosso herói a encetar a sua vingança junto do temível Imperador, tendo como aliada a irmã do seu inimigo, a bela Connie Nielsen, que demonstra aqui todas as suas potencialidades como actriz dramática.


Já Russell Crowe, que vira o Oscar escapar-lhe entre os dedos após a sua espantosa interpretação em “O Informador” / “The Informer” de Michael Mann, irá ver o seu trabalho coroado pelo reconhecimento da Academia de Hollywood, tal é o seu empenhamento na construção da personagem a que dá vida.


A forma como Ridley Scott nos oferece a sequência da batalha a abrir o filme e as lutas entre os gladiadores no circo romano, proporciona-nos momentos de um espectáculo à muito esquecido pelas plateias de cinema, mas o cineasta também mostra essa outra vertente onde o ódio e o amor se cruzam numa outra batalha, conseguindo dar-nos momentos de uma intensidade verdadeiramente cativante, fruto da excelente direcção de actores, mas também ao facto de o director de fotografia se chamar John Mathleson, que conjuga de forma soberba as diversas sequências da película, desde as cenas mais íntimas até ao espaço aberto das grandes batalhas e mesmo quando esse grande actor chamado Oliver Reed faleceu durante as filmagens, esse problema foi contornado graças à acção de um duplo, mas também a esses efeitos especiais, que conduziram esta película a um ponto alto do universo cinematográfico, apesar dos muitos detractores da obra do cineasta Ridley Scott, que insistem em criticar os filmes do realizador, sejam eles quais forem, em virtude de ele ser oriundo do meio publicitário, introduzindo fórmulas oriundas desse meio, nos seus filmes.


“Gladiador” / “Gladiator” representa mais uma vez a genialidade de Ridley Scott, ao mesmo tempo que o actor Russell Crowe começa a surgir como presença constante e inevitável nas suas obras, formando com o cineasta britânico uma verdadeira dupla vencedora, fazendo-nos recordar essa outra dupla, bem conhecida de todos nós, constituída por Martin Scorsese e Robert de Niro, que tantas obras-primas têm oferecido ao Cinema.

Rui Luís Lima

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