domingo, 5 de maio de 2024

Ang Lee - “O Tigre e o Dragão” / “Wo Hu Cang Long” / “Crouching Tiger, Hidden Dragon”


Ang Lee
“O Tigre e o Dragão” / “Wo Hu Cang Long” / “Crouching Tiger, Hidden Dragon”
(EUA/Hong-Kong/China/Taiwan-2000) – (119min. / Cor)
Chow Yun-Fat, Michelle Yeoh, Ziyi Zhang, Chen Chang.

Ang Lee nasceu em 1954 na cidade de Pingtung em Taiwan e desde muito cedo se interessou pelo cinema, após ter frequentado o respectivo curso partiu para os Estados Unidos, onde trabalhou com Spike Lee, numa época em que ambos davam os primeiros passos na arte cinematográfica.


Em 1992 realiza o seu primeiro filme, “Pushing Hands” e no ano seguinte com “Banquete de Casamento” / “The Wedding Banquet”, uma irresistível comédia onde o sexo e a tradição chinesa habitam a mesma estrada, viu o seu nome ultrapassar as fronteiras, seguindo-se “Comer, Beber, Homem, Mulher” / “Eat, Drink, Man, Woman” passando-se a acção em Taiwan, sendo o centro do filme uma família que dirige um restaurante e onde o conflito pai e filha nos convida a visitar o melodrama segundo o olhar cinematográfico de Ang Lee. E será talvez devido ao saber demonstrado na feitura desta película, que iremos encontrar o cineasta a dirigir “Sensibilidade e Bom Senso” / “Sense and Sensibility”, baseado no famoso romance de Jane Austen, que nos irá revelar essa espantosa actriz chamada Kate Winslet, inesquecível na sua interpretação.


De imediato o nome de Ang Lee correu mundo e foi com naturalidade que o vimos a mergulhar nesses famosos anos sessenta, tão americanos, em “Tempestade de Gelo” / “Ice Storm”, baseado no famoso romance de Rick Moody, que nos narra a história de duas famílias da classe média norte-americana, onde a amizade, o amor e o adultério constituem um trio poderoso que irá destroçar as suas vidas.


Sentindo-se ainda mais integrado na poderosa máquina de Hollywood, o cineasta decidiu realizar um “western” intitulado “Jovens Pistoleiros” / “Ride With the Devil”, conhecendo pela primeira vez o fracasso das bilheteiras e a indiferença da crítica cinematográfica.


Terá sido esta a razão, que o terá levado a mergulhar no interior do filme de Artes Marciais, apostando em nomes célebres do cinema Asiático para encabeçar o elenco. Iremos assim encontrar o famoso Chow Yun-Fat (com provas dadas nos mais diferentes géneros cinematográficos) e a bela Michelle Yeoh nos protagonistas, ao lado da jovem Ziyi Zhang, em “O Tigre e o Dragão” / “Crouching Tiger, Hidden Dragon”, que irá surpreender o público ocidental pela magia nele contida.


Partindo de um argumento sofisticado de James Schamus, o cineasta Ang Lee irá oferecer-nos uma película surpreendente, onde nunca será demais realçar as coreografias dos combates, dirigidos pelo mestre Yuen Wo-Ping (responsável pelas cenas de acção da saga “The Matrix”), ao mesmo tempo que a fotografia de Peter Pau (galardoada com o Oscar), nos envolve num verdadeiro território de sonho e magia.


Li Mu Bai (Chow Yun-Fat) jura vingar a morte do seu Mestre e recuperar a sua famosa espada, conhecida por o Dragão Verde, que fora roubada pela jovem Jen Yu (Ziyi Zhang), que disfarçada de homem, pretende desta forma vingar-se do passado, partindo ao encontro desse fatal destino em que a honra e o amor se irão cruzar no seu percurso. E por falar em amor, também Li Mu Bai (Chow Yun-Fat) irá contar na sua demanda com o auxílio de um antigo amor, a bela Yu Shu Lien (Michelle Yeoh), introduzindo desta forma o cineasta a identidade feminina, num universo masculino, onde ela, em princípio nunca poderá ter lugar.


Os combates que iremos assistir ao longo da película deixarão o espectador ocidental fascinado, porque estamos perante um verdadeiro ballet, sendo de antologia o combate travado nos telhados, caminhando os protagonistas no seu duelo pelos topos das árvores, empunhando as suas armas, como se fossem verdadeiros pássaros, saltando de ramo em ramo, numa espantosa coreografia.


“O Tigre e o Dragão” / “Wo hu cong long” de Ang Lee, que conquistou quatro Oscars: Melhor Filme Estrangeiro; Melhor Direcção Artística; Melhor Fotografia e Melhor Banda Sonora, possui uma magia, que transcende o denominado filme de Artes Marciais, transportando-nos ao Olimpo das obras-primas do Cinema.

Rui Luís Lima

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