domingo, 21 de abril de 2024

Krzysztof Kieslowski - “A Dupla Vida de Véronique” / “La double vie de Véronique”


Krzysztof Kieslowski
“A Dupla Vida de Véronique” / “La double vie de Véronique”
(França/Polónia/Noruega – 1991) – (98 min. / Cor)
Irène Jacob, Halina Gryglaszewska, Kalina Jedrusik, Aleksander Bardini.

Em “A Dupla Vida de Véronique” / “La double vie de Véronique”, o cineasta polaco Krzysztof Kieslowski narra-nos a vida de duas jovens em paralelo, interpretadas pela mesma actriz, Irène Jacob, uma francesa e a outra polaca, que possuem a mesma atracção pelo canto.


No entanto, neste universo paralelo, as suas vidas são bastante distintas e se uma irá encontrar a infelicidade ao lhe ser diagnosticado um problema cardíaco, a outra irá descobrir os caminhos do amor, ao apaixonar-se por um jovem autor de livros infantis, que adora invadir o universo da infância com as suas marionetas.


A uma primeira visão e logo a abrir a película, descobrimos as duas jovens no mesmo local, interpretadas pela mesma actriz, o que origina alguma perplexidade por parte do espectador, mas o objectivo do cineasta é esse mesmo, explorar esse território que nos diz que temos um duplo numa outra parte do mundo.


Por outro lado, ao seguirmos a vida das duas jovens mergulhamos nos imponderáveis da vida, percebendo como é frágil a nossa passagem pelo universo.


Irène Jacob inicia aqui uma carreira que brilhou durante algum tempo, mas que depois se apagou lentamente como a pequena chama de uma vela. Recorde-se que ela seria a escolhida para a protagonista de “Vermelho” / “Rouge”, o derradeiro filme do cineasta polaco, que irá falecer pouco tempo depois da conclusão da sua célebre trilogia das três cores.


“A Vida Dupla de Véronique” / “La double vie de Véronique” é uma excelente porta de entrada para conhecermos esse longo trabalho de Kieslowski intitulado “Decálogo” / “Dekalog” de 1991, dividido em dez partes, que surpreendeu na época o mundo cinematográfico e que bem merece ser redescoberto neste século xxi, em que o cinema percorre caminhos bem amargurantes em termos de qualidade.

Rui Luís Lima

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