terça-feira, 7 de maio de 2024

Michael Bay - “Pearl Harbour”


Michael Bay
“Pearl Harbour”
(EUA – 2001) – (190 min. / Cor)
Ben Affleck, Josh Harnett, Kate Beckinsale, John Voight, Alec Baldwin.

Como todos sabemos o termo “Blockbuster” nasceu aquando da feitura de “Tubarão” de Steven Spielberg, lançamento simultâneo em milhares de salas, eliminando desta forma a visibilidade de muitas produções de baixo orçamento. O Estúdio gostou dos resultados de “Jaws” e a concorrência não se fez esperar e assim, sempre no Verão e no Natal, nasce a sempre famosa “Guerra dos Estúdios”, cada um com o seu filme espectáculo. O investimento começou a ser de tal forma exorbitante, que as estrelas mais bem pagas foram obrigadas a baixar os seus “cachets” substancialmente. Depois são os resultados das bilheteiras do fim-de-semana da estreia, que ditam a vitória ou derrota da película.


Quando surgiu o tão falado “Pearl Harbor” fomos encontrar envolvidos nele o produtor mais “barulhento” de Hollywood, o famoso Jerry Bruckeimer e o realizador Michael Bay. O produtor todos nós conhecemos seja do pequeno ou grande écran, caindo os seus produtos nos extremos da qualidade, ora muito bom, ora muito mau. O argumento escolhido recaiu sobre o célebre ataque japonês de 7 de Dezembro de 1941, que deixou a América em choque e o melodrama foi construído por Randall Wallace através de um triângulo amoroso e a velha questão da amizade. Escolhidos para protagonistas Ben Affleck, Josh Hartnett e Kate Beckinsale, uma tripla criada para cativar as plateias adolescentes.


Michael Bay é um homem oriundo da publicidade, trabalhou nela durante vinte anos, especializando-se nos anúncios das “beers”, assim como nos “vídeo-clips” musicais, pisou tanto os palcos da entrega de prémios da MTV como do Festival de Cannes na área da Publicidade e até fez uma “perninha” para a “Playboy” oferecendo magnificas imagens das meninas das páginas centrais, recordam-se da Kerri Kendall?


Senhor deste curriculum, Michael Bay surge no cinema através de “Bad Boys”, veículo para o lançamento de Will Smith de ar musculado, tendo por companheiro essa criatura inenarrável chamada Martin Lawrence (só as audiências americanas entendem as suas piadas, principalmente os génios seleccionados para o concurso do Jay Leno).


Seguiu-se “The Rock” / “O Rochedo” em que um trio de actores experientes salvavam o filme e S. Francisco, ou eles não se chamassem Sean Connery, Nicolas Cage e Ed Harris. Para mais tarde em “Armageddon”, Bruce Willis e seus “muchachos” salvarem a terra de uma catástrofe eminente. Quem viu o filme recorda-se da permanente “barulheira” instalada pelo produtor, enquanto o fio narrativo era mais ténue.

Até que chegamos a “Pearl Harbor”, que até obteve o Oscar para a Melhor Montagem Sonora algo de muito evidente, tal é a parafernália de sons existentes, a “casa” quase vem abaixo nos cerca de 40 minutos de filme representando o ataque japonês a Peartl Harbour. .


“Pearl Harbor” não se filia em termos de melodrama numa obra como “Até à Eternidade” / “From Here to Eternity” de Fred Zinnemann, porque aqui não andam Burt Lancaster nem Deborah Kerr, já por outro lado em temos de eficácia narrativa nem conseguimos deslumbrar uma “pontinha” dessa grande produção chamada “Tora, Tora, Tora”, que era de uma eficácia absoluta e narrando os acontecimentos tal como eles se passaram. Aqui não só os acontecimentos são esquecidos, o facto de os dois porta-aviões americanos não estarem ancorados, encontravam-se ao largo em manobras e que eram o principal objectivo da Marinha Japonesa, como ficamos a saber pelo realizador Michael Bay que o enorme cemitério marítimo em que se transformaram aquelas águas só não foi maior porque o Dany Walker (Ben Affleck) e o Rafe McCawlwy (Josh Harnett) abateram todos os caças zero que encontraram. Soubessem eles mais cedo do que se iria passar e teriam poupado a Rosevelt a escrita do célebre discurso que marcou a entrada da América na Guerra.


Mas se o ataque a Pearl Harbour dura quarenta minutos, já o filme possui três horas, mas o que se passa entretanto? Bem o que se passa nas outras duas horas e meia é a história de uma amizade entre dois homens Rafe e Danny, que amam a mesma mulher, a enfermeira Evelyn Johnson (Kate Beckinsale) e aqui a Kate Beckinsale consegue estar sempre muitos furos acima dos seus dois colegas de profissão.

Romance e heroísmo quanto basta, mais o regresso do morto, tudo foi convocado para construir uma trama narrativa, com piadas para consumo adolescente e rivalidades desportivas, “eu abato mais caças alemães do que tu!”. Por tudo isto, sou obrigado a escrever que, a película “Pearl Harbor” de Michael Bay, não merecia ser revisitada se não tivesse nela uma actriz chamada Kate Beckinsale!

Rui Luís Lima

Sem comentários:

Enviar um comentário