terça-feira, 7 de maio de 2024

Baz Luhrmann - “Moulin Rouge”


Baz Luhrmann
“Moulin Rouge”
(EUA/Austrália – 2001) – (127 min. – Cor - P/B)
Nicola Kidman, Ewan McGregor, John Leguizamo, Jim Broadbent, Richard Roxburg, Kyle Minogue.

Baz Luhrmann deu nas vistas ao realizar “Strictly Ballroom”, uma obra onde o “kitsch” era bem patente e a cor deslumbrava o espectador, mas seria com a sua adaptação da obra imortal de William Shakespeare, “Romeu e Julieta” / “William Shakespeare’s Romeo and Juliet”, que se iria tornar famoso, ao transportar a época para a actualidade ao mesmo tempo que introduzia a estética do “video-clip/MTV” na película, tendo sido muitos os que sentiram o coração apertado ao reviverem pela primeira vez a mais bela e conhecida história de amor de todos os tempos.


Como não podia deixar de ser, a genialidade do cineasta chamou a atenção de muitos, especialmente os grandes Estúdios Americanos e foi assim, com naturalidade, que surgiu “Moulin Rouge”, cujo argumento foi escrito pelo próprio realizador e Craig Pearce. E mais uma vez Baz Luhrmann irá furar as regras do jogo ao recriar canções bastante conhecidas, oferecendo-lhes novas orquestrações, que deixaram muitos perfeitamente estupefactos, tal foi magia que lhes foi introduzida ao situá-las num contexto profundamente diferente, já que toda a acção do filme se passa em finais do século XIX, em Paris, essa bela cidade que sempre soube atrair os artistas em busca da fama.


E será assim que iremos encontrar o escritor Christian (Ewan McGregor) em busca do sucesso, na célebre cidade das luzes. Na época o Moulin Rouge era o centro da noite Parisiense e por lá iam tanto ricos como pobres, gente honesta à procura do amor, como criminosos à procura das suas presas, artistas e candidatos ao estrelato, naquele espaço convivia de mãos dadas o “glamour” e a decadência, oferecendo ao amor nocturno a conquista da sua desejada presa.


Do encontro de Christian (Ewan McGregor) com Toulouse Lautrec (John Leguizamo, numa composição espantosa), nascerá a ideia de construírem um “show”, até então nunca visto, para fazer brilhar ainda mais a estrela da companhia do Moulin Rouge, a bela Satine (Nicole Kidman), que se encontra noiva do temível Duke (Richard Roxburg), um homem sem escrúpulos, que não olha a meios para atingir os seus fins.


E no meio de uma fauna nocturna, onde a Arte e o Espectáculo convivem com o sub-mundo, o “mestre-de-cerimónias” só poderia ser o empresário deste famoso espaço, Harold Zidler (Jim Broadbent), que iremos ver a cantar, para grande espanto de muitos, o “Like a Virgin” de Madonna, bem demonstrativo da sua ingenuidade e falta de saber nos negócios.


Christian irá conhecer Satine, a estrela do Moulin Rouge, e rapidamente ficam perdidamente apaixonados um pelo outro, embora esse amor tenha como obstáculo o temível Duke. O escritor irá escrever as canções para o espectáculo entretanto idealizado por Toulouse-Lautrec, desconhecendo que a sua amada irá ser em breve vítima da doença que então atormentava esses tempos, a infelizmente célebre tuberculose. O espectáculo encenado com brilhantismo será um estrondoso sucesso, mas os amantes não irão ter muito tempo para o viverem.


Baz Luhrmann cria um filme repleto de luz e cor, usando uma estética que nos deixa fascinados, utilizando uma montagem agressiva mas perfeita, numa verdadeira homenagem ao cinema musical, oferecendo-nos canções tão conhecidas e badaladas, como “Your Song”, “Up Where We Belong” e “Roxanne”, entre outras, com novas roupagens, juntando ao mesmo tempo clássicos como “Diamonds Are a Girls Best Friends”, numa contagiante musicalidade, deixando o espectador rendido ao “glamour” da película, ao mesmo tempo que nos oferece uma bela história de amor, que inevitavelmente não poderá ficar imune às nuvens da tragédia.


Na época da sua estreia muitos pensaram nos Oscars para este espantoso e inovador musical, mas a Academia não viu com bons olhos “Moulin Rouge” e, mesmo tendo Nicole Kidman contribuído com uma magnifica intee«rpretação, a Academia de Hollywood foi bastante reticente em lhe dar as mais ambicionadas estatuetas, decidindo atribuir-lhe apenas os Oscars para Melhor Guarda-Roupa e Melhor Direcção Artística. No entanto, quem viu “Moulin Rouge” de Baz Luhrmann nunca mais se esqueceu dele, porque na verdade é impossível ficar indiferente perante a magia de um musical deste calibre.

Rui Luís Lima

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