Ridley Scott - “Cercados” / “Black Hawk Down”

Ridley Scott
“Cercados” / “Black Hawk Down”
(EUA / Grã-Bretanha – 2001) – (138 min./Cor)
Josh Hartnet, Eric Bana, Ewan McGregor, Tom Sizemore, Sam Shepard, William Fichtner.

Com o colapso da União Soviética, também o continente Africano foi atingido, porque ali também se jogava uma guerra entre as Superpotências, utilizando os seus diversos peões e Siad Barre, Presidente da Somália, foi precisamente um deles. Ao cair do poder, com a chegada dos diversos clãs da guerrilha à capital Mogadíscio, instalou-se o caos no pais, que se tornou no território mais anárquico e perigoso que existe no Planeta, já lá vão longos anos.

Na década de noventa do século passado os Estados Unidos da América decidiram intervir na guerra da Somália, devido ao genocídio a que se estava a assistir e a 3 de Outubro de 1993, numa operação planeada pelo Alto Comando Norte-Americano, para capturarem os braços direitos do temível Mohamed Farrah Aidid, um dos tristemente célebres senhores da guerra e quando tudo estava a decorrer em perfeita coordenação, dois “Black Hawk” são abatidos e a operação transforma-se num enorme caos, perante o necessário resgate dos soldados presos no ninho de vespas somali, que se irá tornar num verdadeiro inferno, sendo notícia em todas os meios de comunicação.

O cineasta britânico Ridley Scott, com este “Black Hawk Down” / “Cercados”, decidiu levar ao grande écran esses acontecimentos e oferece-nos possivelmente aquele que será a melhor película de toda a sua filmografia, ao conseguir transportar o espectados para o interior do inferno em que caíram as tropas norte-americanas, com um realismo que nos deixa estupefactos. Ao mesmo tempo que antes de entrarmos no inferno das ruas controladas pela guerrilha de Farrah Aidid, após a queda dos dois “Black Hawk”, onde as tropas de elite lutam para resgatar os soldados presos no vespeiro de insurrectos em que caíram, sobre o lema de “nenhum homem fica para trás”, percebermos como são ineficazes as célebres ONG na distribuição de comida e medicamentos, perante o caos que se instala quando surgem os temíveis homens de Farrah Aidid.

As filmagens foram efectuadas em Marrocos, tendo o filme ganho os Oscars de Melhor Montagem e Melhor Montagem de Som, algo que será bem visível ao espectador.

Rui Luís Lima