terça-feira, 7 de maio de 2024

Jean-Pierre Jeunet - "O Fabuloso Destino de Amélie" / “Le fabuleux destin d’Amélie Poulain”


Jean-Pierre Jeunet
"O Fabuloso Destino de Amélie" / “Le fabuleux destin d’Amélie Poulain”
(França/Alemanha – 2001) – (122 min. / Cor - P/B)
Audrey Tatou, Mathieu Kassowitz, Rufus, Yolanda Moreau.

Jean-Pierre Jeunet surpreendeu o mundo ao realizar a comédia negra “Delicatessen”, vencedora de 4 Césars, co-realizado com Marc Caro, seu colaborador desde a primeira hora, onde o surrealismo de mãos dadas com o burlesco nos convida a visitar situações inimagináveis, numa França onde a escassez de alimentos leva um talhante a obter o seu produto de sustento nos seres humanos que atrai para o prédio, graças ao contributo da sua filha míope, tornando-se a película num “cult-movie” contemporâneo.


No filme seguinte a dupla continuará a explorar a imaginação nos seus limites, criando “A Cidade das Crianças Perdidas” / “La cite dés enfants perdus”, onde a inocência dos mais pequenos é explorada por alguém incapaz de compreender esse universo tão próprio da infância. Movimentando-se o filme, mais uma vez, num universo de fantasia, onde o amor e o sonho habitam em perfeita harmonia. O sucesso atingido por Jean-Pierre Jeunet chega de imediato aos grandes Estúdios de Hollywood, sempre em busca de novos autores e será assim com naturalidade que o iremos encontrar a dirigir o quarto episódio de “Alien – A Ressurreição” / “Alien: Resurrection”.


Desfeita a dupla mantida com Marc Caro, o cineasta parte para a feitura da sua obra mais ambiciosa, nascendo então “O Fabuloso Destino de Amélie” / “Le fabuleux destin d’Amélie Poulain”, que deve imenso ao olhar terno e cândido da sua protagonista, Audrey Tatou, uma jovem gaulesa que até então tinha passado completamente despercebida do grande público.


A França onde se movimenta a misteriosa Amélie Poulain, é no entanto bem diferente do país que todos conhecemos, com a sua enorme manta de etnias, tendo o filme sido bastante criticado por isso mesmo, vendo alguns nesse facto uma espécie de “limpeza étnica”, naquela metrópole sem conflitos sociais, onde reina a tranquilidade, mas meus senhores estamos no cinema e aqui é permitido sonhar! Por outro lado, “Le fabuleux destin d’Amélie Poulain” é possuidor de uma banda sonora verdadeiramente inebriante, da autoria de Yann Tiersen, que pontua de forma perfeita a história da misteriosa e inocente jovem, que perdeu a mãe que se suicidou, passando a sua existência junto do pai (Rufus), um médico que bem cedo percebe como a sua filha é bem especial e diferente das outras crianças.


Amélie Poulain é o espelho da bondade, como iremos ver ao longo da película, ajudando sempre os que estão próximos, sejam eles conhecidos ou não, oferecendo sempre todo o seu amor, mas quando este lhe bate à porta, através do jovem Nino (Mathieu Kassowitz), ela tem medo e foge dele, porque nunca conhecera até então esse belo sentimento.


Navegando num mundo mágico onde tudo é quase perfeito, Jean-Pierre Jeunet introduz-nos num universo onde a bondade triunfa e os segredos mais bem guardados terminam por ser desvendados, levando Amélie Poulain a esse território da felicidade que todos nós desejamos alcançar, por mais secreto que seja esse sonho.

Rui Luís Lima

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