quarta-feira, 1 de maio de 2024

Martin Scorsese - “Kundun”


Martin Scorsese
“Kundun”
(EUA – 1997) – (134 min. / Cor)
Tenzin Thuthob Tsarong, Tencho Gyalpo, Tsewang Khangoor, Tenzin Lodoe

Todos nós conhecemos a atracção imediata, que uma figura como o Dalai Lama exerce no mundo, apesar do seu exílio forçado na Índia, sendo até recebido com honras de Chefe de Estado em diversas nações, situação da qual saem sempre melindradas as autoridades chineses, já que a China ocupa o Tibete há já longos anos, considerando-a como uma pertença do seu território.


De todas as nações do mundo a América é um dos locais onde a figura do Dalai Lama exerce um maior fascínio, principalmente entre os meios intelectuais e quando a argumentista Melissa Mathinson, responsável pelo argumento de “E.T.”, começou a trabalhar numa biografia do Dalai Lama, poucos poderiam imaginar que o cineasta seria Martin Scorsese. Mas assim aconteceu, ao mesmo tempo que o compositor Philip Glass surge como o autor da banda sonora, dadas as suas conhecidas afinidades com o budismo.


“Kundun”, que possui um genérico fabuloso, vai narrar-nos a vida do Dalai Lama, desde criança na companhia dos monges budistas, passando pela adolescência, até à idade adulta de forma serena e contemplativa, demonstrando Martin Scorsese ser um perfeito conhecedor do material que tem em mãos.


E quando chegamos ao momento da invasão do território pelo exército chinês, a mando de Mao Tsé-Tung, entramos numa outra fase do filme, embora o cineasta mantenha uma certa sobriedade nas diversas sequências, ao mesmo tempo que nos irá mostrar o encontro entre os dois líderes, com visões bem diferentes da situação, como todos sabemos.


Esta obra, ao contrário do que se poderia pensar, não é um “ovni” no interior da filmografia de Martin Scorsese, já que de imediato descobrimos a sua escrita cinematográfica, que surge aqui ao serviço de uma causa: a liberdade do Tibet e o seu direito a ser uma nação independente.


“Kundun” termina por se revelar uma película que nos oferece a vida do líder Tibetano de forma profundamente serena, revelando-se Martin Scorsese como, um bom conhecedor dos desejos e doutrina de Dalai Lama, que preconiza a luta pacífica em prol de um Tibete independente.

Rui Luís Lima

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