domingo, 5 de maio de 2024

Clint Eastwood - “Cowboys do Espaço” / “Space Cowboys”


Clint Eastwood
“Cowboys do Espaço” / “Space Cowboys”
(EUA – 2000) – (130 min. / Cor - P/B)
Clint Eastwood, Tommy lee Jones, Donald Sutherland,
James Garner, Marcia Gay Harden, James Cromwell.

Na viragem do milénio, Clint Eastwood voltou a surpreender meio-mundo, ao oferecer-nos “Space Cowboys” / “Cowboys no Espaço”, uma película cujo argumento até pode ser bastante plausível.


Um satélite de comunicações russo, do tempo da guerra-fria, saiu da órbita e encaminha-se para a terra e as novas autoridades saídas do pós-comunismo soviético pedem ajuda a Nasa para resolver o problema, mas como a tecnologia é tão antiga, os técnicos não conseguem voltar a colocar em órbita o satélite, sendo a única solução chamar um dos criadores do Skylab para resolver o problema e aqui iremos conhecer Frank Corvin (Clint Eastwood), um astronauta que não o chegou a ser, sendo substituído por um macaco como ele gosta de frisar, pelo responsável do programa norte-americano Bob Gerson (James Crommell), de quem Corvin não guarda grandes saudades.


Após diversas discussões entre os dois homens, para resolver o problema, descobrem que a única solução é enviar no Space Shuttle a antiga equipa de Corvin e assim este prepara-se para recrutar os seus antigos camaradas da Nasa de 1958: Hawk Hawkins (Tommy Lee Jones), Tank Sullivan (James Garner) e Jerry O’Neil (Donald Sutherland) e assim entramos em sequências repletas de humor e saber da película, ao descobrirmos o que fazem aqueles homens na vida, passados tantos anos.


A forma como Clint Eastwood nos vai oferecendo a preparação da missão revela um saber único, ao mesmo tempo que vamos entrando na segunda parte de “Space Cowboys”, com a respectiva partida para o espaço.


Se por um lado iremos ter a realização do sonho destes quatro homens, que um dia sonharam ver a terra do espaço, por outro lado iremos descobrir que aquele satélite de comunicações é muito mais do que isso e o suspense começa a instalar-se no espectador ao descobrir que a nave abriga um silo de mísseis com ogivas nucleares apontadas aos Estado Unidos, que será posto em funcionamento no momento em que o Space Shuttle comunica com ele.


A forma como toda a acção se vai desenrolando a partir daqui capta de imediato toda a atenção do espectador, que fica absorvido não só pela forma como a acção nos vai sendo narrada, como também os diversos contratempos surgidos são de arrepiar, ao pensarmos nessa panóplia de satélites, repletos de armas nucleares, que navegam no espaço prontos para um conflito nuclear.


Ao vermos “Space Cowboys” e a sequência do regresso à terra, é inevitável recordar o Space Shuttle que se desintegrou ao entrar na atmosfera, matando todos os seus tripulantes e aqui Clint Eastwood, que também assume as funções de realizador e produtor, oferece-nos de forma soberba esse momento de regresso, já sem Hawk Hawkins (Tommy Lee Jones), que sacrifica a vida para levar o satélite russo rumo ao espaço infinito, sonhando com a chegada à Lua.


“Space Cowboys” de Clint Eastwood demonstra bem a imensa sabedoria deste cineasta, que cada vez mais se revela como um verdadeiro cineasta clássico, tendo em conta a forma como trabalha os meios ao seu dispor, seja em grandes ou pequenas produções, investindo sempre o seu melhor em todas elas.

Rui Luís Lima

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