domingo, 5 de maio de 2024

Christopher Nolan - "Memento"


Christopher Nolan
"Memento"
(EUA - 2000) – (113 min. - Cor - P/B)
Guy Pearce, Carrie-Anne Moss, Joe Pantolliano.

Christopher Nolan desde tenra idade que se interessou pelo cinema, graças à câmara Super-8 do pai, começando de imediato a realizar os seus próprios “home-movies”, sendo natural que tenha decidido enveredar pela carreira de realizador.


Após ter concluído o respectivo curso, ataca o formato reduzido, mas será logo ao realizar a sua segunda película de longa-metragem que as portas do mundo do cinema foram abertas.


“Memento” irá transformar-se num verdadeiro caso de análise, já que estamos perante uma película cujo argumento se apresenta de forma bem diferente do habitual, porque a história nos é narrada de trás para a frente, com diversos “flashbacks” pelo meio para baralhar ainda mais o espectador desatento.


Estamos assim bem no interior do chamado “film noir”, sofrendo o protagonista de uma doença rara denominada amnésia anterógrada, que consiste na incapacidade de formar recordações novas ou se preferirem recentes. Leonard (Guy Pearce), esquece o passado recente ou imediato se preferirem, ou seja durante uma conversa vai-se esquecendo do que anteriormente disse e tendo em conta que este antigo funcionário de uma companhia de seguros pretende descobrir quem matou a sua mulher, percebemos de imediato como é difícil a sua investigação.


Contando apenas com a sua antiga amante Natalie (Carrie-Anne Moss) para o “ajudar”, o protagonista sente que não pode confiar em ninguém. Por esta mesma razão as suas memórias são abastecidas de notas que vai escrevendo e de polaróides que vai tirando, ao mesmo tempo que começa a tatuar o seu próprio corpo, com pequenas informações usando desta forma o corpo como um pequeno cofre de memórias.


No historial do chamado filme negro, são muitas as películas em que o protagonista é vítima da perda de memória mas nunca, até então, um argumento foi oferecido ao espectador desta forma, obrigando-o a um envolvimento activo no filme. E se o argumento, assinado pelo próprio cineasta se delicia a baralhar as pistas, já o espectador surpreendido pelo desenrolar da acção acaba por ser convidado a uma nova visão do filme, quando desconhece a forma como o filme foi elaborado.


“Memento” suscitou aquando da sua estreia uma enorme estranheza, no entanto foram muitos os que viram na película uma obra profundamente inovadora, ficando conhecido do grande público como a película que é filmada “de trás para a frente”, revelando-se um dos segredos do cineasta a forma como a montagem é elaborada, mas apesar deste poderoso artifício e da boa direcção de actores, ao terminar o filme ficamos com um certo sabor a pouco, quando nos recordamos dos poderosos argumentos delineados por um David Mamet, esse génio do cinema contemporâneo.

Rui Luís Lima

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