terça-feira, 30 de abril de 2024

Atom Egoyan - “O Futuro Radioso” / “The Sweet Hereafter”


Atom Egoyan
“O Futuro Radioso” / “The Sweet Hereafter”
(Canada – 1997) – (112 min. / Cor)
Ian Holm, Caerthan Banks, Sarah Polley, Tom McCamus.

Atom Egoyan nasceu no Egipto, filho de pais Arménios, ambos pintores, mas ao contrário dos seus progenitores, o cineasta apaixonou-se pelo mundo teatral, tendo decidido ser dramaturgo, mas após realizar a sua primeira curta-metragem optou por seguir a via cinematográfica. Residindo no Canada, estreou-se com “Lust of a Eunuch” em 1977, desenvolvendo intensa actividade na televisão, durante a segunda metade dos anos oitenta, do século xx, e será com “Exótica” estreado em 1994, que todos iremos fixar o seu nome.


“O Futuro Radioso” / “The Sweet Hereafter”, realizado em 1997, revelou-se como uma das mais importantes películas do cineasta, tendo ganho três Prémios em Cannes, embora não tenha conquistado a tão ambicionada Palma de Ouro do Festival, ao mesmo tempo que seria nomeado para o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.


O filme fala-nos de uma tragédia ocorrida numa pequena cidade, quando um autocarro transportando crianças para a escola se despista e afunda no gelo, matando a maioria dos jovens passageiros. Ao longo da película Atom Egoyan irá dar-nos esse sentimento de perda vivido pela população, ao mesmo tempo que nos oferece o trabalho do advogado Mitchell Stevens (o fabuloso Ian Holmes), que investiga o acidente em busca de culpados, para obter a inevitável compensação financeira, para deste modo apaziguar a inevitável dor das famílias, que perderam os seus filhos.


Durante a investigação, iremos sabendo, a pouco e pouco, o que na verdade sucedeu, porque ninguém pretende retomar o luto e à medida que decorre o inquérito iremos perceber, que nem tudo se passou de acordo com o relatório das autoridades que investigaram o acidente. E quando Mitchell Stevens, recolhe o testemunho de uma das sobreviventes, a jovem Nicole Burnel (Sarah Polley), irá perceber que os seus esforços, irão trazer de novo o luto à comunidade, ao mesmo tempo que irá acordar fantasmas há muito enterrados por todos aqueles que iniciaram uma nova vida.


“O Futuro Radioso” / “The Sweet Hereafter” revela-se uma obra de uma sensibilidade esmagadora, fruto do trabalho do cineasta e de uma interpretação memorável de Ian Holmes, que nos deixa a todos a meditar sobre se vale a pena, criar mártires, em troca de uma compensação financeira, já que a pequena cidade e os seus habitantes, apenas pretendem colocar um ponto final nos acontecimentos e retomar a sua vida.

Rui Luís Lima

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