sexta-feira, 10 de maio de 2024

Vincent Gallo - “The Brown Bunny”


Vincent Gallo
“The Brown Bunny”
(EUA/Japão/França – 2003) – (93 min. / Cor)
Vincent Gallo, Chloe Sevigny,
Cheryl Tiegs, Elizabeth Blake, Anna Vareschi.

Vincent Gallo é como todos sabemos, um profundo narcisista e homem dos sete instrumentos, como se gosta de apresentar. E se a sua primeira obra "Buffalo 66" era espantosa, já o seu segundo filme é tudo menos cinema, não conseguindo sequer ser um mau "home-movie".


O trailer de "Buffalo 66", como devem estar recordados e a sua banda sonora, deixou muitos admirados pela sua eficácia em termos sonoros, no entanto, o tema musical escutado, era simplesmente o início instrumental de “Heart of Sunrise” da autoria do grupo de rock progressivo Yes.


Essa estreia de Vincent Gallo na realização possuía dois nomes incontornáveis do cinema no elenco: Anjelica Huston e Ben Gazarra, filmados numa sequência memorável, em que o campo/contra-campo era estilhaçado, de forma surpreendente, pensando todos nós que tinha nascido um cineasta, enquanto a interpretação de Christina Ricci era excelente. Já Vincent Gallo, ao vestir a pele desse homem acabado de sair da prisão, que pretende visitar os pais, para lhes apresentar a noiva inexistente, revelava uma timidez e sobriedade que levou alguns a pensarem estar perante um novo valor, mas ao realizar a sua obra seguinte, Vincent Gallo, novamente a assumir diversas funções no filme, incluindo a de realizador e intérprete, irá deitar por terra todo o crédito obtido com “Buffalo 66”.


"The Brown Bunny", o coelhinho castanho de Chloe Sevigny, é o mote para o filme mas esta busca "coast to coast" da memória da mulher amada, por parte de um corredor de motas, que nunca consegue manter uma relação com as mulheres que vai encontrando ao longo dos locais por onde passa, numa tentativa de criar um "road movie" selvagem, termina por demonstrar as fraquezas de Vincent Gallo ou seja, a provocação não surte efeito, só em Cannes funcionou, coma célebre conferência de imprensa em que pediu desculpa por ter feito o filme, revelando-se a declaração de uma mordacidade sem nexo.


Mais tarde ao mencionar numa entrevista, acerca da película, que os técnicos tinham sabotado o seu filme, a afirmação do actor/realizador não surte qualquer efeito, já que o rótulo de filme maldito, não se aplica a “The Brown Bunny”, porque como sabemos, Vincent Gallo nunca será o Antonin Artaud do cinema.


Já Chloe Sevigny (a famosa Daisy) tão procurada pelo corredor de motas, ao longo da viagem e a tão falada cena eventualmente chocante, em que participa com Vincent Gallo, revela-se de uma pobreza confrangedora.“The Brown Bunny” de Vincent Gallo, revela-se como uma película que só pretende vender gato por lebre.

Rui Luís Lima

Sem comentários:

Enviar um comentário