quinta-feira, 2 de maio de 2024

Todd Solondz - "Felicidade" / "Happiness"


Todd Solondz
"Felicidade" / "Happiness"
(EUA – 1998) – (134 min. / Cor)
Philip Seymour Hoffman, Dylan Baker, Lara Flynn Boyle,
Ben Gazarra, Rufus Read, Jane Adams, Jon Lovitz.

Todd Solondz nasceu a 15 de Outubro em Newark, New Jersey e antes de se iniciar na realização, trabalhou no “Writers Guild of América”, escrevendo diversos argumentos, tendo-se estreado com a curta-metragem “Schatt’s Last Shot” em 1985.


A sua primeira longa-metragem surgiu em 1989, intitulada “Fear, Anxiety & Depression”, uma película acerca de um escritor que escreve uma peça e a envia a Samuel Beckett.


Mas seria com “Welcome to The Dollhouse” (1995), uma obra sobre a crueldade juvenil nos subúrbios, uma paisagem que Todd Solondz tanto gosta de analisar, que de imediato chamou a atenção da crítica cinematográfica sobre si.


“Happiness – Felicidade”, a sua terceira longa-metragem, possui no seu próprio título um cinismo profundo, que iremos entender ao conhecer as diversas personagens do seu filme, uma obra que nos relata diversas histórias, usando a conhecida estrutura do mosaico, que o cineasta Robert Altman levou ao seu apogeu, ao realizar “Short-Cuts” / “Os Americanos”, baseado nos contos do escritor Raymond Carver.


Mais uma vez, em “Happiness” / “Felicidade”, Todd Solondz mergulha nos subúrbios para nos dar a conhecer histórias de horror, infelicidade e incomunicabilidade, existentes entre os seus habitantes, refugiados no interior dos seus lares (im)perfeitos, verdadeiros “bunkers” e das suas vidas secretas, camufladas pela célebre felicidade, que as suas habitações e profissões pretendem transmitir.


Estamos assim perante um filme que nos obriga a interrogar-nos sobre as duplas vidas dos vizinhos ou sobre a verdadeira identidade e intuito do homem ou mulher com quem nos cruzamos diariamente no café e nos transportes públicos, escondendo as suas verdadeiras motivações para estabelecerem um diálogo connosco.


Nunca como aqui o cinema levou tão longe o seu retrato trágico da vida quotidiana, um retrato a que não é alheio o saber cinematográfico de Todd Solondz.

Rui Luís Lima

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