quinta-feira, 9 de maio de 2024

Rob Marshall - "Chicago"


Rob Marshall
"Chicago"
(EUA/Canada – 2002) – (113 min. / Cor)
Renée Zellweger, Catherine Zeta-Jones, Richard Gere.

Chicago, a célebre cidade do vento, serviu de título à fabulosa peça criada por Bob Fosse, John Kander e Fred Ebb, situando-se a acção nos anos vinte. Como sabemos, esta tornou-se um êxito fenomenal e Hollywood desde cedo a desejou transportar para a tela, sendo John Travolta um dos nomes mais falados para encarnar o esperto advogado Billy Flinn, mas para grande surpresa do actor, que pretendia demonstrar que os seus créditos de dançarino não estavam perdidos, terminou por ver o tão ambicionado desejo de vestir a pele da personagem a fugir-lhe entre os dedos e a ir parar às mãos do actor Richard Gere. Já as protagonistas femininas escolhidas seriam Renée Zellweger e Catherine Zeta-Jones, que viria a ganhar o Oscar para a Melhor Actriz Secundária.


O conhecido coreógrafo Rob Marshall seria indigitado pelos Estúdios para levar o projecto a bom porto, mas ao contrário da célebre tradição clássica no qual a grua surge como elemento preponderante, o realizador decidiu optar por uma montagem rápida, mais de acordo com uma certa moda, ao estilo MTV, para assim “piscar o olho” a outras camadas de público mais jovem, fragmentando as sequências musicais, o que nos fez ter saudades das célebres coreografias de Busby Berkeley.


Esta é a história de duas mulheres que encontram o sucesso no palco, graças ao empreendedor advogado Billy Flinn (Richard Gere) após terem, no caso de Roxie (Renée Zellweger) morto o amante, que não cumprira a promessa de a transformar numa grande estrela e de Velma Kelly (Catherine Zeta-Jones), que matara a irmã e o marido, sendo ela mesma uma estrela. O drama é transfigurado por ambas as personagens de forma perfeita em musical, conhecendo o sucesso, que também irá cair sobre o filme de Rob Marshall, com a inevitável consagração pela Academia de Hollywood, que não oferecia o Oscar de Melhor Filme a um musical, já lá vão algumas décadas.


Se compararmos com a peça em exibição em Londres (que já tivemos o prazer de ver), todo o filme se revela muito mais fraco, pensando-se talvez que a adaptação e forma de apresentação dos números musicais fica muito aquém do que seria possível fazer. A geração MTV talvez goste. Já quem gosta de um bom musical, nem por isso.


Ao contrário do que se poderia pensar, “Chicago” não vai beber a sua magia ao cinema clássico, optando por uma modernidade nos números musicais que deixou muitos cinéfilos perplexos. Mas, tal como as suas heroínas, o filme decidiu pecar, recolhendo os seus frutos da árvore proibida, para construir o seu próprio Paraíso, no interior da Sétima Arte.

Rui Luís Lima

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