quinta-feira, 2 de maio de 2024

Pat Proft - “Missão Quase Impossível” / “Wrongfully Accused”


Pat Proft
“Missão Quase Impossível” / “Wrongfully Accused”
(EUA/Alemanha – 1998) – (87 min. / Cor)
Leslie Nielsen, Richard Crenna, Kelly LeBrock, Michael York, Melinda McGraw.

“Missão Quase Impossível” é um filme que segue o caminho inaugurado pelos irmãos Zucker e Jim Abrahams quando, nesse gesto de humor inventivo e profundamente cinéfilo, nos ofereceram em 1980. “Airplane” / “Aeroplano”, que parodiava “Aeroporto” / “Airport” e as suas sequelas, numa época em que o filme catástrofe enchia as salas de cinema.


Pat Proft é um dos criadores de “Academia de Polícia” / “Police Academy”, sendo o responsável pelo argumento de “The Naked Gun”, “Mr Magoo” e alguns “Scary Movie”, sempre nessa busca do humor cinéfilo, por vezes nada bem-sucedida, como acontece em “Academia de Polícia”.


Com este “Wrongfully Accused” / “Missão Quase Impossível”, que facturou muito bem no norte da Europa aquando da estreia, Pat Proft lança-se na realização, escolhendo para protagonista o conhecido Leslie Nielsen, infelizmente já falecido e que desde a estreia de “O Aeroplano” se destacou como protagonista neste género de filmes, embora o actor tenha uma longa carreira no cinema e televisão, tendo-se estreado no pequeno écran em 1950, ao lado de Eva Marie Saint e Rod Steiger, sendo a película de ficção-cientifíca “Planeta Proibido” / Forbidden Planet” de Fred M. Wilcox, um dos seus melhores trabalhos como actor no Cinema.


Richard Crenna é outro dos protagonistas a vestir a pele do Marshall, que Tommy Lee Jones interpretou na película “O Fugitivo” / “The Fugitive”, ao lado de Harrison Ford. E a razão disso suceder prende-se com o facto deste filme ter essa película como referência e “gozo”. Iremos assim conhecer logo no início o famoso Ryan Harrison (Leslie Nielsen), o conhecido “Mestre” do violino em mais uma estrondosa actuação (e logo aqui o argumentista vai buscar o nome a Harrison Ford, usando-o como apelido, ao mesmo tempo que o primeiro nome é retirado da personagem Jack Ryan, por ele interpretada no cinema).


Após o sucesso de mais uma actuação, o violinista Ryan Harrison é convidado pelo mecenas Hibbing Goodhue (Michael York) para uma festa na sua Mansão, onde se irá cruzar com a esposa do milionário, a sensual e atrevida Lauren Goodhue (Kelly LeBrock, a ex-mulher de vermelho, com que Stevie Wonder nos torturou durante largos meses na televisão, com essa canção “I Just Called To Say I Love You”), que tudo fará para atrair o célebre violinista para a sua cama, para lhe estender a sua teia mortal.


Porém, quando o milionário é morto, de imediato todas as suspeitas caiem sobre Ryan Harrison, que se põe em fuga, entrando de imediato no écran essa eficaz equipa dos US Marshall, liderada por Tommy Lee Jones. Desculpem não era ele, mas sim o Richard Crenna, porque o Tommy estava de férias no Hawai, dando de imediato caça ao fugitivo. No meio desta louca perseguição, Ryan Harrison sabe que está inocente e que o assassino é o célebre Maneta, também Perneta e Zarolho. E assim se inicia um jogo de citações cinéfilas que irá durar ao longo do filme tendo, claro, sempre como pano de fundo “O Fugitivo” / “The Fugitive” de Andrew Davis, filme esse baseado na célebre série de televisão, com o mesmo nome e exibida ao longo de1963-1967 tendo como protagonista David Jennsen e que já foi reposta no pequeno écran por diversas vezes em todo o mundo.


Ao vermos com uma certa atenção cinéfila esta “Missão Quase Impossível” iremos “recordar”, com um sorriso nos lábios, “Missão Impossível”, “Os Suspeitos do Costume”, “Lord of the Dance”, “Exterminador Implacável”, “Garfield”, “Highlander”, “O Pecado Mora ao Lado”, “Veludo Azul”, “Jogo de Lágrimas”, “Super-Homem”, “Braveheart”, “Campo de Sonhos”, “Intriga Internacional”, “Herbie – Um Carocha dos Diabos”, “Os Anjos de Charlie”, “Casablanca” e “Marés Vivas”, entre outros filmes. O leitor, se é cinéfilo, não deixe de entrar no jogo, porque há muito mais. Por outro lado, uma das sequências mais divertidas é a perseguição do Marshall Fergus Fall (Richard Crenna) a Ryan Harrison (Leslie Nielsen) na barragem que, como alguns ainda se recordam, é um dos momentos altos de “O Fugitivo”.


“Missão Quase Impossível”, embora não seja nenhuma obra-prima, oferece-nos momentos de humor que inevitavelmente divertem o espectador e fazem acordar em nós a célebre nostalgia da cinéfilia que anda um pouco perdida nos dias de hoje.

Rui Luís Lima

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