sexta-feira, 19 de abril de 2024

Sydney Pollack - “Havana”


Sydney Pollack
“Havana”
(EUA – 1990) – (144 min. / Cor)
Robert Redford, Lena Olin, Raul Julia, Alan Arkin, Tomas Milian.

Sydney Pollack após receber essa imensa chuva dourada de Óscares respeitante a “África Minha” / “Out of Africa”, que atingiu uma visibilidade a nível planetário, tudo indicava que o cineasta iria descansar, por uns tempos, mas o cineasta decidiu fazer mais uma vez uma daquelas obras que nos deixam perfeitamente fascinados na sala escura do cinema olhando maravilhados, o écran mágico. Falo evidentemente desse seu filme, infelizmente pouco amado pelo público, intitulado “Havana”.


No elenco temos mais uma vez Robert Redford, o jogador, que inevitavelmente nos faz recordar o Humphrey Bogart de “Casablanca”, mas também essa actriz de Ingmar Bergman, a sueca Lena Olin na figura da esposa do resistente cubano, que luta contra o regime de Batista, podendo também ela se chamar Ilsa e ser esposa de um “tal” Viktor Laszlo fugido dos nazis e que se refugia em Casablanca para adquirir o tal visto que lhe possibilita chegar a Lisboa e partir então para os EUA. E aqui descobrimos esse grande actor chamado Raul Julia na figura do revolucionário cubano.


Sintetizando, Sydney Pollack com “Havana” refez a história de “Casablanca” com a mesma intensidade deste mítico filme da Sétima Arte, embora o público não tenha feito dele o sucesso que merecia, mas se nos recordarmos da história comercial de “Casablanca”, nasce de imediato o sorriso da memória.


“Casablanca” teve imensos problemas. Ingrid Bergman foi uma segunda escolha e Humphrey Bogart a terceira escolha; o argumento era alterado diariamente e ninguém sabia, incluindo os actores como iria terminar o filme. Na época da sua estreia foi apenas “mais um” dos muitos filmes produzidos pelos Estúdios de Hollywood para apoiar o esforço de guerra, para depois cair no esquecimento como muitas outras películas desse período. No início dos anos sessenta quando a cinefilia começou a nascer foram os estudantes britânicos os primeiros a “descobrirem” neste filme a essência do melodrama e a fazerem dele o “cult-movie” e o filme da vida de muitos milhões de espectadores.


“Havana” é na verdade um novo “Casablanca”, só que desta vez a história é passada numa ilha, a tal ilha que sofreu durante décadas o bloqueio mais estúpido do mundo, feito pela nação mais poderosa do planeta, mas regressemos ao cinema, dizia eu que “Havana” é na verdade o “Casablanca” moderno e nele estão contidas todas as variantes da obra de Michael Curtiz, depois tanto Robert Redford como Lena Olin estão perfeitos e sedutores nas figuras outrora interpretadas por Humphrey Bogart e Ingrid Bergman (a comparação é inevitável) e claro não nos podemos esquecer de Raul Julia, perfeito no homem dedicado a uma causa. Por fim temos esse final tão belo como o protagonizado por Claude Rains e Humphrey Bogart em “Cadablanca”. A diferença é que desta vez temos o herói na praia olhando o horizonte em busca dessa ilha perdida entre os dedos, ao mesmo tempo que nos narra em voz-off os seus sentimentos pela mulher amada, descobrindo o espectador, em todo o seu esplendor, a essência do melodrama.


“Havana” revela-se como uma das maiores pérolas cinematográficas da genial filmografia de Sydney Pollack.

Rui Luís Lima

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