segunda-feira, 29 de abril de 2024

John Schlesinger - "Olho Por Olho" / "Eye For An Eye"


John Schlesinger
"Olho Por Olho" / "Eye For An Eye"
(EUA – 1996) – (101 min. / Cor)
Sally Field, Kiefer Sutherland, Ed Harris, Joe Mantegna, Beverly D’Angelo.

Antes de mais, convém deixar bem expresso que John Schlesinger é um dos grandes cineastas britânicos surgidos no movimento “Free Cinema”, nascido nos anos sessenta nas ilhas britânicas, equivalente à “nouvelle vague” francesa, obtendo através de “Darling” uma visibilidade internacional. Depois foi a feitura desse meu filme de cabeceira, desde criança, intitulado “Longe da Multidão” / “Far From the Madding Crowd”, sendo de imediato “requisitado” pelo Novo Mundo, onde assinou obras como “O Cow-boy da Meia-Noite” / “Midnight Cow-boy”, “O Homem da Maratona” / “Marathon Man” ambos com Dustin Hoffman e o arrepiante “Pacif Heights” / “O Inquilino Misterioso”, oferecendo a Michael Keaton a sua melhor interpretação de sempre.


Vamos assim encontrar o britânico a dirigir neste “Olho por Olho” / “Eye For An Eye” actores acima de qualquer suspeita como Ed Harris, Joe Mantegna e Kiefer Sutherland, para além da subaproveitada Beverly D’Angelo. Mas como todos sabemos quando o argumento nasce inquinado, muito pouco se poderá fazer e sendo a protagonista Sally Field, entendemos de imediato os contornos da sua personagem.


“Eye For An Eye” / “Olho Por Olho” é um veículo para a actriz e um filme profundamente feminista, no pior sentido da palavra, repare-se que a novela é escrita por Erike Holzer e o argumento de Amanda Doob e surgem "perfeitos" para Sally Field dar asas a essa mãe lutadora em busca de vingança, bem distante da sua genial interpretação em “Norma Rae” de Martin Ritt, em que a maioria de nós a descobriu.


Karen McCann (Sally Field) está no seu carro a falar com a filha mais velha, que se encontra em casa e irá “assistir” via telemóvel à violação e assassínio da filha (Olívia Burnette) por um desconhecido (Kiefer Sutherland), dando de imediato lugar a uma das maiores cenas de histerismo até hoje oferecidas no cinema. Depois da polícia identificar o autor da violação e consequente assassínio, a mãe da vítima irá vê-lo a ser ilibado da acusação devido à inexperiência do advogado, nascendo de imediato as motivações para fazer justiça pelas suas próprias mãos, perante o impotente marido (o excelente Ed Harris num papel contido).


Começam assim os encontros de Karen McCann (Sally Field) com um grupo de pais vítimas de perdas violentas dos seus filhos e um grupo de cidadãos que defende a justiça fora dos caminhos da lei, indicando-lhe a estrada a seguir.


Entramos assim nos preparativos do ajuste de contas da frágil Karen McCann (Sally Field) com o terrível Robert Doob (Kiefer Sutherland), criando aqui o actor uma personagem distante do inesquecível atirador de “Cabine Telefónica” / “Phone Booth”. A forma como ela o segue na “downtown L.A.” é bem pouco credível para quem conhece a zona, depois ela irá enganar tudo e todos, desde a autoridade, que sabe o que se passa, mas fecha os olhos, até ao marido a quem mente sobre o que pretende fazer, culminando a película num filme para fazer brilhar Sally Field.

Rui Luís Lima

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