terça-feira, 23 de abril de 2024

Chen Kaige - “Adeus. Minha Concubina” / “Ba Wang Bie Ji” / “Farewell. My Concubine”


Chen Kaige
“Adeus. Minha Concubina” / “Ba Wang Bie Ji” / “Farewell. My Concubine”
China – 1993) – (171 min. / Cor)
Leslie Cheung, Fengyi Zhang, Gong Li, Lu Qi.

Chen Kaige nasceu em Pequim em 1952, sendo filho do cineasta Chen Huai’ai e aos quinze anos, este jovem, tal como muitos da sua geração foi enviado para o campo, em plena Revolução Cultural. Após dois anos a trabalhar numa plantação de borracha, alistou-se no exército para fazer o serviço militar, regressando depois a Pequim onde trabalhou num laboratório de revelação de filmes e será em 1978 que irá concorrer à Escola de Cinema de Pequim, que entretanto reabrira as portas, após o fim da “Revolução Cultural”, sendo um dos candidatos a ser admitido na área da realização, terminando o curso em 1982, revelando-se como um dos futuros membros da denominada quinta geração do cinema chinês, que irá revolucionar, cinematograficamente falando, o cinema deste país.


Depois de diversos trabalhos na televisão, começou a trabalhar como assistente de realização, ao mesmo tempo que trava amizade com o director de fotografia e futuro cineasta Zhang Yimou, um dos nomes mais célebres do novo cinema chinês, como alguns devem estar recordados. Chen Kaige realizou o seu primeiro filme em 1984 para os Estúdios Guangxi e em 1987 parte para os Estados Unidos da América, passando também pela Europa, estando assim ausente de Pequim durante três anos, regressando ao seu país no início de 1990.


Chen Kaige foi descoberto em Portugal, ao oferecer-nos essa deslumbrante película intitulada “ A Vida Por uma Corda” / “Bian zan bian chang” (1991), que foi exibida no cinema King e que nos narrava a vida de um músico cego, para dois anos depois voltar a surpreender o universo cinematográfico ao realizar “Adeus Minha Concubina” / “Ba wang bie ji”, que irá conquistar a Palma de Ouro do Festival de Cannes.


Em ”Adeus Minha Concubina” / “Ba wang bie ji”, o cineasta Chen Kaige oferece-nos uma história de amizade entre dois actores da célebre Ópera de Pequim e curiosamente um dos primeiros nomes falados para protagonista foi o conhecido Jackie Chan, que na sua juventude pertenceu precisamente aos quadros da Ópera de Pequim, mas que acabaria de desistir do papel, terminando por ser a conhecida estrela pop de Hong-Kong, Leslie Cheung, o protagonista, ao lado de Fengyi Zang e da célebre Gong Li, a maior estrela do cinema chinês, cobiçada durante longos anos por Hollywood e que após muitas insistências dos Grandes Estúdios acabaria por surgir na América a ser dirigida por Michael Mann.


Iremos assim ao longo de “Adeus Minha Concubina”, acompanhar os laços de amizade entre dois jovens, sendo um deles ensinado deste muito cedo para interpretar papéis femininos, que lhe irão trazer a celebridade, revelando Leslie Cheung um saber enorme na forma como compõe a personagem de Cheng Dieye, que um dia irá ser surpreendido pelo anúncio do casamento do seu amigo Duan Xiaolau (Zhang Fengyi) com Juxian (Gong Li), uma mulher que ele irá odiar para sempre.


Ao longo da película, Chen Kaige, oferece-nos não só a história da Ópera de Pequim e a vida dos seus dois protagonistas, como nos narra cinquenta anos da história da China, incluindo o período da Segunda Grande Guerra, com a invasão japonesa do território, assim como os anos conturbados da Revolução Cultural liderada por Mao Tsé Tung, que irá alterar profundamente a vida dos protagonistas.


“Adeus Minha Concubina” / “Ba wang bie ji”, ao receber a Palma de Ouro do Festival de Cannes, proporcionou uma intensa visibilidade ao cineasta Chen Kaige, ao mesmo tempo que deu muitas dores de cabeça aos censores chineses, que nunca viram com bons olhos a película do cineasta, que hoje em dia é um dos nomes incontornáveis da cinematografia chinesa.

Rui Luís Lima

Sem comentários:

Enviar um comentário